quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Fernando Pessoa - Ninguém entende a minha escrita

Escrever não é fácil, dar a entender a perceber aos outros mais difícil é, mas quem escreve o que lhe vai na alma, não para mostrar aos outros, mas sim, para nós mesmos, aqueles que têm veia poeta vão escrevendo dia após dia, palavra após palavra, assim se vai juntando, se vai construindo as belas poesias que eu vou fazendo.

Ninguém entende a minha escrita, palavras simples, outras menos, mas as mais verdadeiras que me saem da alma é precisamente a simplicidade, muitos não entendem o que é isso e então estão só preparados para ouvir e ler as palavras que muitas das vezes são difíceis de entender.

Estou a falar porque sempre gostei de repartir e dar as palavras mais simples, aquelas que me ensinaram, a viver e conhecer todos aqueles que me queriam bem, uns menos, mas mesmo assim eu escrevi para todos eles. As minhas memórias, deixei ficar, continuam-se a lembrar, uns exigem demais, outros me amam, continuam a amar como sempre fui e sou neste belo lugar.

Estou a falar para vos dar a conhecer que nem de palavras difíceis nós conseguimos viver, viver é muito mais fácil com as palavras simples, que essas são as palavras que nos saem da alma e aquelas que nos vão correndo no nosso pensamento. A alma se abre para quem tem que abrir, mas também se fecha para aqueles que não sabem nem partilhar nem dividir, partilha essa não é fácil, dar, partilhar e amar é como escrever, quem escreve assim o faz com a partilha mais voraz de escrever em pensamento para que possam entender aquilo que muitos não são capazes.

Nunca te deixes desiludir por aquilo que possas ouvir, querem te tirar o teu encantamento e escreveres aquilo que eu te dou a escrever e que me vai no pensamento, escrevo e tenho feito as palavras mais simples, te tenho dado, para mostrar a todos aqueles que em mim nunca acreditaram.

Eu sou um poeta, daqueles poetas que nunca ninguém amou, aqueles que me amaram foi depois do meu trabalho de tanta luta que tive para escrever os poemas e dá-los a entender a todos aqueles que comigo se sentavam naqueles bancos de outrora, nós caminhava-mos e neles nos sentávamos na conversa de vai e vem, com a nossa escrita nós perguntávamos uns para os outros o porquê de tanto nos estarem a dar, a corrente que vinha e nós com ela podíamos continuar, era essa a força que eu tinha e que todos queriam saber, só que o meu destino era este de não poder dar a conhecer, mais tarde desconfiar, mas desconfiar não é certeza, pela razão a qual eu fui escolhido pela mãe natureza.

Nasci assim e assim cresci, com o dom dentro de mim, aquele que fui repartindo para quem acreditava em mim. Eu vou-vos deixar com uma palavra de amor dizendo e pedindo: nunca deixeis de orar nem de acreditar, deixai os outros falar, a inocência é nobre e a pobreza também, não tenhais vergonha nem da inocência nem da pobreza, porque elas nos dão forte alento e somos de uma grande nobreza. Fernando Pessoa. (060211)

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