sexta-feira, 8 de julho de 2011

Angélico Vieira - Loucura de viver rápido demais

Parti. Uma partida muito rápida, aonde deixei ficar todos os meus sonhos por realizar. Deixei um mundo e encontro-me noutro, com grandes colinas douradas, aonde o sol nos transmite muita luz. Deixei ficar uns a chorar, e outros a sorrir. Tantas alegrias dei, e parti, sem nada dizer a quem me queriam com tanto amor, que de um momento para o outro as deixei a sofrer.
Agora subi e me encontro entre estas colinas, com muitos, muitos, muitos, uma imensidão de gente, aonde todos me apoiam, me ajudam, e me tentam fazer esquecer por tudo aquilo que eu passei. Não é fácil chegar aonde eu cheguei e ter ajuda que tenho. Neste momento, preciso de trabalhar e de mostrar que vou ser um membro desta família.
O meu tempo aqui nestas colinas é muito, muito pouco, resta-me só dizer que parti sem saber, pensando eu que tudo era a força, a alegria, e assim parti, num só momento ainda vi e senti muitos se aproximarem de mim, aonde nem todas as orações são aquelas que nos conduzem à vida. Precisamos de muitas, de tantas quanto aquelas que eu senti.
Aqui, preciso só que orem por mim para eu conseguir ultrapassar a colina e que estes meus amigos aonde me encontro, me possam ajudar a continuar o meu caminho. Deixei ficar para trás os sonhos, a alegria e uma vida pouco vivida. Eu estou ainda há pouco tempo, tenho muito para fazer, obedecer, aprender a amar e aprender a orar. Mais tarde eu vos possa também ajudar.
Quero só dizer, que tive uma morte difícil e causei muita dor aos meus pais e aos outros, muita dor sem merecerem, mas fui eu, o grande causador. Tenho que orar e pedir ao Pai que nos liberte e nos perdoe e que eu possa continuar a ser lembrado, amado, e que o meu espirito seja aceite por todos nós que nos encontramos aqui, muitos já vi partir.
Loucura de viver rápido demais, só duma loucura. Eu vos peço, que continueis a orar.
(…)
- Angélico Vieira. Parti.
(…)
Horroroso.
(…)
Mal haveria de chegar a fúria e mostrar aos outros como era bom sentir a adrenalina da velocidade, foi isso. Não consegui dominar. Muita velocidade. Conseguir despertar um modo de andar diferente daquilo que estavam habituados a andar. Parti e não os pude ajudar. Era o momento único, aquele em que eu ia a cantar.
(…)
Ia bem acordado, mas queria, mais, mais e mais. Era uma boa estrada. Não consegui dominar. Bati com tanta força, tanta força, cambalhotas, dei e chegou, tudo aquilo que deixei. Sofrimentos a todos causei.
(…)
Muita velocidade. A pressa de chegar. Adrenalina do palco, a multidão, e mostrar a minha fúria de viver, de cantar.
(…)
Eram, vinham outros, mas deixaram-me vir para que eu pudesse falar e deixar ficar a mensagem para mostrar àqueles que ainda estão a pensar como é que foi a minha partida e juntarem dados e mais dados, quando é tão simples. Foi só velocidade.
(…)
Era, quanto mais andava, mais nos apetecia andar, e ficou tudo aí, e eu parti, para as colinas deste belo lugar, me trouxeram para mostrar: temos um tempo, esse tempo, ou sabemos aproveitar e viver como nos ensinam, ou passando dos limites partimos e só deixamos ficar a saudade para aqueles que mais gostam de nós.
(…)
Eu cheguei ao limite quanto o carro podia dar, foi duzentos e vinte. Grande estrondo senti, e deixei ficar tudo naquele lugar.
(…)
A luz do alto é um sinal de presença dos que caminham.
Continuem a cantar as canções que eu deixei ficar, isso me faz bem ouvir, me faz lembrar e sorrir. (030711)

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